Em geral, existem sempre dúvidas sobre a relação da alimentação com a pele. As alergias alimentares estão dentro desse tema e costumam surpreender, ou assustar, quando aparecem na pele das crianças.
Por isso, neste artigo vamos conversar sobre a alergia alimentar, mas também sobre quais alimentos podem causar alergias nas crianças, quais devem ser evitados, como as alergias se manifestam na pele das crianças, como tratar as alergias alimentares e o que observar nos rótulos de alguns alimentos.
Para começar, vamos falar de conceitos importantes. Mas não deixe de prosseguir a leitura e entenda essa relação da alergia alimentar e o efeito na pele de crianças.
O termo “alergia” refere-se a uma reação de hipersensibilidade iniciada por mecanismos imunológicos.
Os distúrbios alérgicos ou atópicos mais prevalentes incluem dermatite atópica (DA), asma, rinite alérgica e alergias alimentares. Essas condições afligem 20% da população de países como os Estados Unidos, e sua prevalência está aumentando nos países desenvolvidos. No. Brasil, temos algo semelhante!
O aumento de doenças atópicas tem sido reconhecido como uma pandemia, enfatizando, assim, a necessidade de prevenção eficaz da alergia.
As reações da alergia alimentar podem ocasionar lesões de pele de 6 a 48 horas após a ingestão do alimento.
Quando é uma reação intermediada pelo anticorpo IgE (ele próprio reage à comida), os sintomas da alergia alimentar na pele se manifestam logo após a ingestão da comida e surgem na forma de inchaços, urticária, vômitos e diarreias.
Já em uma alergia alimentar não mediada pela IgE, desencadeada por células, sem os anticorpos, os sintomas aparecem horas ou dias depois. Fatores genéticos estão diretamente envolvidos na produção da IgE.
Dependendo da reação e do agravamento do quadro, o médico irá indicar, ou não, a exclusão do alimento.
Não exclua um alimento da dieta da criança sem a orientação do seu médico!
Os alimentos mais implicados nas alergias alimentares e na DA são:
Mas, novamente, atenção: esses alimentos só devem ser retirados da dieta se realmente houver associação com alergias e depois de testes feitos pelo médico.
Não, isso é um mito!
Dietas de exclusão sem necessidade não diminuem o risco. Já existem estudos que mostram o contrário. A exposição aos alimentos ditos “alergênicos” no início da vida poderia até diminuir o aparecimento de alergias alimentares, mesmo em pacientes de alto risco.
Então, de forma geral, não se deve atrasar a introdução de determinado alimento, pois isso não vai diminuir o risco de alergia alimentar. Interessante, né?
Não. Os estudos disponíveis sugerem que evitar alimentos alergênicos durante a gravidez não reduz o risco de doença alérgica no filho, independentemente de o bebê ser de alto risco ou não. Pelo contrário, há indicações de que pode realmente aumentar o risco de alergia alimentar na criança.
Também não. O que sugerem outros estudos nesse campo de pesquisa é que uma dieta de exclusão materna de ovo, leite de vaca, peixe e nozes durante a lactação pode aumentar a possibilidade de ocorrer dermatite atópica e alergia alimentar no filho.
Existem dois tipos de manifestações dermatológicas que estão associadas a alergias alimentares: urticária e dermatite atópica exacerbada por alimentos. Alguns sintomas de alergia alimentar na pele de criança são:
Essas manchas podem aparecer no rosto, principalmente ao redor da boca, ou pelo corpo. Em crianças mais novas, irritações na boca e na região do bumbum da criança são comuns.
Papais, mamães e demais tutores devem observar também algumas doenças que não melhoram com os tratamentos mais comuns e avisar ao médico. Um bom exemplo seria uma dermatite que não melhora na área das fraldas.
É importante observar se ao longo da introdução dos alimentos ocorre alguma reação na pele da criança.
Vamos pensar assim: é melhor evitar do que remediar.
O melhor tratamento é evitar os alimentos nocivos. Isso deve ser feito muito criteriosamente, como falamos.
Porém, se necessário, o tratamento com medicações pode incluir antialérgicos (anti-histamínicos, anti-inflamatórios hormonais e outras medicações mais recentes).
Já na alimentação, podem ser utilizadas fórmulas especiais para substituir bebidas lácteas comuns.
Vale lembrar que o Pediatra deve estar bem próximo à família para melhor tratar o paciente.
O diagnóstico pode ser feito pelo Pediatra, Dermatologista ou Alergologista. Incluindo os subespecialistas como os Gastroenterologistas Pediátricos, por exemplo.
O diagnóstico de alergia alimentar envolve duas etapas: identificação da sensibilização alimentar e confirmação da alergia clínica. A identificação envolve a entrevista com os pais e o teste de alergia.
A meu ver, sempre é importante ter um MÉDICO DE CONFIANÇA para organizar tudo, no caso um Pediatra de confiança. Será esse Pediatra que vai indicar outros profissionais especializados. Isso é essencial, para evitar muitos tratamentos equivocados que vemos no dia a dia.
Você deve observar se existe a presença ou não das substâncias que, comprovadamente, causam alergia alimentar na criança.
Um médico nutricionista deve orientar sobre os alimentos e substâncias a serem evitados. Ler os rótulos vai ajudar a conhecer a composição de alguns alimentos embalados e direcionar a escolha.
É fundamental ter uma lista com você sobre produtos que podem conter as substâncias alergênicas também.
Lembre que muitos produtos podem parecer inofensivos, mas carregam substâncias nocivas na composição.
A alergia alimentar e a DA podem ter associação, mas ela NÃO É TÃO FREQUENTE como se pensa.
Sim, infelizmente. Porém isso não significa que todos terão. É uma minoria!
A dermatite atópica é considerada o principal fator de risco para o desenvolvimento de alergias alimentares. A hipótese atual é que a sensibilização cutânea através da barreira cutânea interrompida leva à sensibilização alimentar e alergias alimentares.
Como vimos, a alergia alimentar e o efeito na pele das crianças é um assunto muito abrangente, certamente podemos conversar mais a respeito em futuras publicações.
Grande abraço,
Carlos Bruno – Médico Dermatologista e Professor de Medicina
CRM: 6194 – RQE: 2104
Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e The Society of Pediatric Dermatology (EUA)